FAMÍLIA

[um texto após uma reflexão, ao me deparar com mães que agendam ser "mães, por necessidades nem sempre justas: dia no shopping, fins de semana em resorts, plásticas que funcionam como gancho para evitar "cuidar do filho", depressão pós-parto após 5 anos de ter parido... Cabe dizer que os espécimes analisados são vistos in loco, logo não retrato aqui no texto ninguém em especial ou alguém conhecido penso eu, pelo leitor].
Vejo a questão ter filhos, constituir família, como algo mais do que especial e particular.
Particular, porque não há fórmulas, nem manuais, você pode ser hoje uma pessoa muito zen, equilibrada e positiva e ser oriunda de uma família down, caótica ou o inverso.
Logo não é repetindo falas, atos, ações, que garantimos um lar nota 100.
Parir é político, logo você deve estar completamente ciente daquilo que terá que abrir mão, e daquilo que virá ao seu encontro.
Por mais que se divague quanto a igualdade de direitos, sabemos que a mulher sempre irá abrir mão em maior escala do que o homem, de hábitos, rotinas, lazer, afazeres... Mesmo que você seja como eu, feminista, mulher século XXI.
Então hão de ser pesados antes de gerar vida, as perdas e os ganhos, de uma maneira bem realista, pé no chão.
Para jamais ali adiante lamentar o tempo, a vida que tomou outro rumo.
É especial por que você deve também estar ciente de que milhares de mulheres pelo mundo afora, não podem parir, mesmo desejando do fundo das suas almas.
E outras tantas, são mães biológicas, mas não sabem o que fazer com a cria, e a deixam de lado, ou partem para o abuso psicológico, quando não físico.
Logo ser mãe é especial. Não cabe a todos, nem todos podem.
Não há férias dos filhos, não no sentido amanhecer sem eles, para depois voltar a ser mãe, quando passar um surto existencial. Sim, é mais do que normal ter esses surtos...
Temos férias com eles.
E somos mães para sempre. Partindo depois, ou antes deles.
Filhos são nosso complemento, sangue e carne da nossa carne e do nosso sangue, feições mais do que semelhantes às nossas, ou completamente distintas, mas ainda nosso complemento.
Complemento. Não extensão.
Penso que entendendo isso, a diferença entre extensão e complemento, os deixamos livres da obrigatoriedade de ser "parecidos" aos pais, à mãe, ao pai.
Eles devem ser eles. Apenas eles.
Filhos são parte de nós, mas não extensões do que desejamos um dia ser e não fomos, nem nossas cópias fieis.
Filhos são eles, feitos por nós, e para o mundo, o deles.
Besos,
Luciana